O IPN vem mantendo as suas portas abertas graças ao apoio e solidariedade da população, que vem contribuindo com pequenas quantias na caixa de doações e com trabalho de nossos voluntários. Em matéria publicada no jornal O Globo, Caderno Rio, de 04 de maio de 2018, a situação financeira da instituição é exposta a tal ponto, que revela que está acontecendo uma campanha de doações de material de limpeza e higiene a partir da iniciativa do educador Mario Tenório Gomes, que fará o ciclo de oficinas A arte de contar lendas e histórias de Orixás, em parceria com o Museu de Arte do Rio – MAR. Enquanto isto, de acordo com a matéria publicada, a Secretaria Municipal de Cultura deposita todos os seus esforços em um projeto indefinido até o momento, para um museu que tem a pretensão de tratar do tema da escravidão, e sequer tem um nome definitivo.
Ressaltamos que o IPN é uma organização não governamental, apartidária e sem quaisquer vínculos com as esferas governamentais, portanto, não faz parte de nenhuma iniciativa que tenta se vincular ao nosso trabalho, realizado de forma independente, desde 1996, quando foi encontrado o sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos na residência da família Guimarães dos Anjos.
Prezados, Bom Dia!
“Não existe uma Nação sem memória. Não existe Povo sem memória. Não existe memória, sem que a História traga essa a memória, e que esta ocupe o espaço necessário para transformar a realidade atual”. É o caso do Museu Memorial – Cemitério dos Pretos Novos. Lamentavelmente os órgãos responsáveis pela preservação dos patrimônios históricos e culturais do nosso povo, finge que cuida. São desgastes políticos entre instituições que controlam com mão de ferro, disfarçados em democracia, os recursos que deveriam dar o aporte e suporte a pesquisas, manutenção, divulgação desse rico memorial dos Pretos Novos no Rio de Janeiro.
Que haja sensibilidade em garantir o resgate histórico da nossa memória, mesmo que nos afete profundamente, pelo horror, desumanidade e crueldade com que os Pretos Novos foram tratados no período em que estiveram aqui. Ainda mais, de não cobrir nossas mazelas, fingindo que nada houve, escondendo a sujeira debaixo do tapete.
Reforço a condição de que os órgãos responsáveis tratem a nossa história com o maior respeito necessário, devendo ser criado inclusive, um Conselho Gestor do Museu Memorial dos Pretos Novos, para tratar e deliberar junto ao Governo Federal e Estadual, recursos, pesquisas e divulgação sobre o nosso passado.
Deixo um grande abraço à todos, me colocando a disposição para intervir aqui em Brasília, junto aos órgãos responsáveis, as melhores condições aos nossos Sítios Arqueológicos e Museus, garantindo que a nossa memória não se perca diante da burocracia do Estado.
Atenciosamente,
Prof Davi Silva Fagundes