Galeria

Como a luta contra o crime no Brasil está se transformando em uma guerra contra o próprio povo



O Brasil é uma terra de carnavais coloridos, samba ardente e tristes estatísticas sobre a violência policial. No ano passado, mais de seis mil pessoas morreram pelas mãos da polícia. É um número que obriga a refletir.

Crianças na mira da polícia

Um exemplo emblemático de tudo isso é a história de João Pedro Matos Pinto. O menino estava jogando videogame com o primo quando, de repente, o som dos tiros tomou conta do ar. Os policiais dispararam mais de setenta vezes. Seu pai, Nilton da Costa Pinto, recebeu uma mensagem do filho cheia de medo. Depois disso, veio o silêncio. Nilton correu para procurar o filho de quatorze anos, mas encontrou apenas agentes silenciosos e fortemente armados. O corpo de João só foi encontrado no dia seguinte.

Esse não foi um caso isolado. Nos muros das favelas, há murais com os rostos de outras vítimas: Eduardo de Jesus Ferreira, de dez anos, morto a tiros na porta de casa, e Catlen Romeu, de vinte e quatro anos, grávida de treze semanas, assassinada por uma bala perdida.

Estatísticas tristes sobre as vítimas negras

Os dados são alarmantes: em 2022, 83% das vítimas da violência policial eram pessoas negras, embora representem apenas 56% da população do país. Ser negro no Brasil é como carregar um alvo nas costas. Ana Paula Oliveira, que perdeu o filho Jonathan, de dezenove anos, em 2014, afirma que o simples fato de ser negro já é um convite para ser morto aqui.

O problema se agrava pelo fato de que muitas forças de segurança nem sequer tentam esconder sua postura diante do que acontece. Chamam as operações de “limpeza” e os mortos de “limpar as ruas da sujeira”.

Por que a polícia não quer usar câmeras corporais?

Parece que foi encontrada uma solução: o uso de câmeras corporais e armas não letais permitiu reduzir em 59% as mortes causadas pela polícia em São Paulo entre 2020 e 2022. Mas o que vai acontecer agora? O programa sofreu um corte de 37 milhões de reais.

Como resultado, as mortes causadas por policiais aumentaram 86% no terceiro trimestre do ano passado em comparação com o mesmo período de 2022. Os agentes afirmam que “as câmeras atrapalham a eficácia do trabalho”, mas os ativistas de direitos humanos têm outra visão: para eles, os policiais simplesmente não querem que suas ações sejam monitoradas.

A tecnologia pode influenciar no aumento da criminalidade?

Alguns especialistas acreditam que os avanços tecnológicos modernos fazem com que as pessoas passem mais tempo em casa. Redes sociais, cinemas online e serviços de entrega de comida permitem atender quase todas as necessidades do dia a dia.

A isso se somam uma enorme variedade de videogames e jogos online. Nos últimos anos, o entretenimento com jogos também migrou para o formato eletrônico. Os cassinos online estão cada vez mais populares em muitos países da América do Sul. Para entender melhor esse fenômeno, nossos autores dedicaram alguns minutos a estudar estatísticas de busca e sites de avaliação. Acabaram encontrando este link com informações sobre vários cassinos online no Peru. Ao comparar esses dados com os do Brasil, perceberam que as marcas são praticamente idênticas. Isso indica que muitos dos grandes cassinos online já entraram no mercado sul-americano e esperam permanecer nele por muito tempo.

A abundância de entretenimento dentro de casa pode ser positiva no contexto da criminalidade no Brasil, já que as pessoas tendem a permanecer em casa com mais frequência e, assim, têm menos chances de se envolver em problemas nas ruas.

A impunidade como regra

O problema se torna ainda mais grave pela falta de responsabilização. Muitas vezes, são os próprios policiais que investigam os casos de violência, o que leva à impunidade. No caso de João Pedro, três agentes foram absolvidos. O tribunal decidiu que “não houve intenção de matar o adolescente” e que eles agiram em legítima defesa. A família recorreu da sentença por considerá-la insuficiente. Mas, na maioria dos casos, nem é possível recorrer: nos últimos dez anos, menos de 5% dos homicídios cometidos por policiais chegaram a julgamento.









































2ee835d02d08039975b152329e3b9ff7